Em 2050 99% das espécies de aves marinhas terá consumido plástico
Milhares de aves pelágicas morrem todos os anos vítimas de duas grandes ameaças ambientais: a pesca de espinhel e a poluição dos oceanos. Para a primeira, existem uma série de acordos nacionais e internacionais visando o uso de medidas mitigadoras a fim de minimizar a captura incidental das espécies. A segunda ameaça, no entanto, é crescente, igualmente perigosa para a sobrevivência e com pouca legislação em defesa dos animais.
De acordo com o estudo Threat of plastic pollution to seabirds is global, pervasive and increasing, publicado em 2015 na revista acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences, a atual concentração de fragmentos plásticos nos oceanos é de até 580 mil peças por quilômetros quadrados. A tendência é que este número dobre na próxima década.
O objetivo do estudo foi traçar o futuro desta ameaça e ainda faz outra projeção preocupante: em 2050, 99% das espécies de aves marinhas terá consumido plástico.O estudo tomou como base uma série de dados globais sobre a morte de animais por ingestão de resíduos plásticos em diferentes épocas.
Entre o ano de publicação e 2026 a estimativa é pior ainda. Acredita-se que o homem produzirá a mesma quantidade de materiais plásticos produzida desde o início da sua fabricação. Sacolas plásticas, canudos, embalagens, lacres e outros objetos continuarão vitimando aves que buscam no mar sua fonte de alimentação.
A demanda cada vez maior por objetos deste tipo tem influência no aumento populacional. E grande parte dos resíduos plásticos chega ao mar pelo turismo e grande densidade populacional no litoral brasileiro.
Ameaça à sobrevivência
Assim como na pesca, o perigo de ingestão de plástico também acontece durante a busca por alimento nos oceanos. Albatrozes e petréis são atraídos pelos materiais coloridos que boiam junto à superfície. Quando ingeridos, podem causar sufocamento e intoxicação devido suas composições químicas.
Como o plástico não é digerido pelo organismo das aves, os objetos se acumulam em seu aparelho digestivo, também causando a morte.
A Convenção da Biodiversidade documentou que 600 espécies, de microrganismos à baleias, também são afetadas não só pelo consumo, mas também pelo enroscamento nos objetos.
Trabalho pela conservação dos oceanos
Essa temática foi amplamente debatida no 1° Seminário Nacional sobre o Combate ao Lixo no Mar, realizado em novembro e que contou com a presença do Dima Gianuca, gerente técnico do Projeto Albatroz patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O objetivo do evento foi discutir a importância de iniciativas que diminuam o impacto do descarte de lixo nos oceanos e a morte de diversos animais, entre eles albatrozes e petréis.
Além disso, o seminário tinha a intenção de reunir subsídios para formular, futuramente, um plano nacional de combate ao lixo no mar.
O novo texto do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap), que entrará em vigor em janeiro de 2018, também propõe ações para a diminuição da poluição marinha - identificada pelos biólogos e pesquisadores brasileiros como uma das principais ameaças à vida destas aves.
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