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Pesquisa internacional demonstra a eficácia do uso de medidas mitigadoras da captura de aves marinhas em pescarias de espinhel

Projeto Albatroz em parceria com instituições de outros quatro países analisaram a adoção de medidas mitigadoras e a captura incidental de aves marinhas ao longo de 15 anos em cinco frotas de pesca nos oceanos Atlântico e Índico.

Desenvolvidas com o objetivo de reduzir a insustentável captura incidental de albatrozes e petréis em pescarias de espinhel no mundo todo, medidas mitigadoras como o toriline (linha-espanta-pássaro) e a largada dos anzóis a noite (largada noturna) tem sua eficácia amplamente comprovada através de experimentos a bordo, incluindo pesquisas realizadas no Brasil pelo Projeto Albatroz. Entretanto, os níveis de adoção e a eficácia em larga escala dessas medidas ainda são pouco compreendidos. Recentemente, graças à colaboração entre pesquisadores do Brasil, Uruguai, Portugal e África do Sul, foi possível analisar os níveis de adoção e a eficácia do Toriline da largada noturna sobre a captura incidental de aves marinhas ao longo de 15 anos, em cinco frotas de pesca em dois oceanos (Atlântico e Índico).  O estudo, iniciado em 2016, e que contou com o apoio da Comissão Internacional para a Conservação do Atuns do Atlântico (ICCAT), foi recentemente publicado no Biological Conservation, um dos mais prestigiados periódicos científicos na área da Conservação.

O estudo se baseou em dados coletados por observadores de bordo em 132 embarcações, totalizando 583 viagens de pesca, 15.800 lances de espinhel e cerca de 36 milhões de anzóis monitorados, incluindo a frota do Brasil, Uruguai, África do Sul e Japão (pescando em águas uruguaias).

A participação do Brasil neste estudo foi possível graças aos dados coletados de forma contínua e sistemática pelos observadores de bordo do Projeto Albatroz, sempre com a colaboração voluntária dos pescadores.O Projeto Albatroz é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e apoiado pela Birdlife International e a Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), através do programa Albatross Task Force.

“Os albatrozes e petréis percorrem vastas áreas dos oceanos e interagem com frotas de diversos países, portanto, apenas através da colaboração internacional é possível estudar de forma compreensiva as ameaças às quais estão sujeitos bem como a efetividade em larga escala de medidas de manejo e conservação”, explica o coordenador científico do Projeto Albatroz, Dr. Dimas Gianuca.

Resultados

A análise dos dados das diferentes frotas combinados demonstrou uma redução significativa nas taxas de captura de albatrozes e petréis entre 2002 e 2016 em razão do aumento da adoção do toriline e da largada noturna, coincidindo com a recomendação da utilização dessas medidas Organizações Regionais de Ordenamento Pesqueiro (OROPs), entre elas a ICCAT.  Estes resultados corroboram a importância e o sucesso do trabalho feito pelo Projeto Albatroz no Brasil, tanto em relação ao desenvolvimento de medidas mitigadoras quanto à coleta de dados de longo prazo sobre a captura incidental pela frota que opera ao largo do sul do Brasil, uma das áreas de alimentação mais importantes do mundo para os albatrozes e petréis. E demonstra que o toriline a largada noturna, se amplamente adotados e utilizados de forma correta pelas frotas de espinhel que operam a sul de 25º latitude podem levar a uma notável redução da captura incidental no mundo ao longo do tempo.

Entretanto, é importante ressaltar que os resultados se baseiam em dados coletados por observadores de bordo, e que na ausência de observadores a utilização das medidas mitigadoras tende a ser baixa.  Portanto, apesar de encorajadores, estes resultados não podem ser expandidos para outras frotas ou para os cruzeiros que não contam com a participação de observadores de bordo, o que, infelizmente, corresponde a mais de 95% do esforço de pesca nas áreas de ocorrência de albatrozes e petréis.

Sobre a ICCAT

A Comissão Internacional para a Conservação de Atuns do Atlântico (ICCAT, na sigla em inglês) é uma organização intergovernamental criada no fim dos ano 60 com o objetivo de trabalhar por uma pesca sustentável deste grupo de peixes em todo o Oceano Atlântico e seus mares adjacentes.

Seus 55 países membros se encontram anualmente para apresentar e discutir dados sobre estatísticas pesqueiras das espécies alvo da pesca bem como os impactos ao meio ambiente e formas de mitigá-lo. A ICCAT atua em conjunto com ações que conservem outros animais também afetados pela pesca, como é o caso dos albatrozes e petréis.O Projeto Albatroz atua na comissão subsidiando com pesquisas ao lado do governo brasileiro.

Saiba mais sobre a ICCAT em: www.iccat.int

 

 


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