Galápagos: Uma explosão de vida
Por Tatiana Neves, coordenadora geral e fundadora do Projeto Albatroz
Em novembro de 2019, fui convidada pela American Bird Conservancy e pelo Parque Nacional de Galápagos do Equador para o 1º Encontro Internacional de Conservação do petrel-de-Galápagos, em Puerto Ayora que fica no arquipélago Galápagos, no meio do oceano pacífico. O petrel-de-Galápagos (Pterodroma phaeopygia) é endêmico do local, reproduz-se em pequenos buracos que constroem no meio da mata das partes altas de algumas ilhas do arquipélago. É uma espécie criticamente ameaçada de extinção, portanto o workshop tinha o objetivo de criar um plano nacional para sua proteção, principalmente pela ocupação indevida de animais e plantas exóticas no local que acabaram se tornando perigosos predadores.
No entanto, o bacana de participar desse evento foi não somente poder colaborar com a conservação dessas aves, como também visitar as ilhas Galápagos. Esse lugar é uma explosão de vida, com uma beleza cênica sem igual. Mas, sobretudo o que encanta é a sua biodiversidade. Muitas espécies só existem lá, como as grandes tartarugas terrestres, entre outros seres como as iguanas marinhas, únicas no planeta.
Realmente é incrível como os animais se relacionam com as pessoas. Ao ir até um ponto de ônibus, você pode encontrar facilmente um leão marinho deitado no banco e os passageiros ao lado esperando de pé. É impressionante. As pessoas respeitam a vida e, apesar de alguns problemas, o lugar é único e precisa ser conhecido. Se um dia tiver a oportunidade de conhecer, vá e se deslumbre com toda a vida diversa que existe na região. Com certeza nunca se esquecerá da experiência.
O ponto alto da viagem, foi quando fui até a ilha Espanhola para finalmente ver o Albatroz-de-Galápagos ou Ondulado (Phoebastria irrorata). Para mim, um sonho antigo, já que essas aves são muito especiais. São os únicos albatrozes que vivem em um local tropical, as outras 21 espécies existentes no mundo ou estão nos mares do sul do hemisfério sul ou nas ilhas ao norte do oceano pacífico.
O Albatroz-Ondulado tem uma aparência diferente, um bico mais alongado e fino. Sua sobrancelha é marcante e o diferencia dos demais. O comportamento de corte dessa ave é magnífico. Batem os bicos, fazem sons, estufam o peito e balançam suas cabeças em sincronia, como se estivessem dançando. É apaixonante. Sou privilegiada e grata por essa vivência.
Essa espécie criticamente ameaçada apenas se reproduz na ilha Espanhola, que é rodeada por águas cristalinas e formada por penhascos bastante íngremes e altos, onde uma série de outras aves marinhas constroem seus ninhos. Para se alimentar, ela vai até a costa do Equador e Peru e, acaba sendo capturada incidentalmente por barcos de pesca artesanal. Peru possui uma das maiores frotas desse tipo de pescaria com milhares de embarcações. É um grande drama que precisa ser solucionado.
Eu, como membro do Grupo de Captura Incidental e vice-presidente do Comitê Assessor do Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), pretendo fazer tudo que estiver ao meu alcance e que for possível para apoiar a criação do plano binacional que Equador e Peru estão desenvolvendo para a conservação do Albatroz-de-Galápagos. Assim como auxiliar estudos de tecnologias de mitigação da captura dessa espécie espetacular que tive o grande prazer de presenciar voando e planando sobre os penhascos de Espanhola, além de assistir de perto a sua incrível dança do acasalamento.
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