Equipe técnica do Projeto Albatroz apresenta três estudos na World Seabird Conference III
Realizada pela primeira vez de forma virtual, a terceira edição da World Seabird Conference reuniu pesquisadores de todo o mundo para palestras, workshops, simpósios e apresentações de estudos sobre espécies de aves marinhas, entre elas os albatrozes e petréis. O Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, expôs três pôsteres de estudos científicos de autoria própria, além de contribuir com um estudo latinoamericano sobre lixo plástico e participar de palestras sobre a conservação deste grupo de aves, considerado um dos mais ameaçados do mundo.
Um destes pôsteres apresentou a pesquisa intitulada ‘Captura acidental de aves marinhas em um novo e não regulamentado equipamento de pesca acessório implantado por pescadores de espinhel pelágico no sul do Brasil’, de autoria de Augusto Silva Costa, Gabriel Canani, Tatiana Neves e Dimas Gianuca, do Projeto Albatroz. Este estudo avaliou o impacto do uso de anzóis de bóia (buoy-hooks) na pesca de espinhel. Este acessório consiste em linhas acessórias curtas, com extensão de dois a quatro metros, que são presas diretamente às bóias, visando a captura de tubarões, atuns e dourados.
A pesquisa fez o monitoramento de lances de pesca com e sem o uso dos anzóis nas bóias, e concluiu que devido à localização rasa dos anzóis, até mesmo o uso esporádico deste acessório pode representar uma ameaça para albatrozes e petréis na Região Sul. O estudo recomenda, ainda, que o uso deste tipo de equipamento seja monitorado em toda a frota de espinhel pelágico a fim de avaliar os impactos ambientais de sua utilização.
Abundância de espécies na costa brasileira
Escrito pelos mesmos autores, o estudo 'Assembléia de aves marinhas associada à pesca de espinhel pelágico no sul do Brasil’ analisou as diversas espécies de albatrozes e petréis que interagem com a pesca na costa brasileira durante diferentes estações do ano. Uma vez que os albatrozes são aves que se dispersam com facilidade e viajam ao redor do mundo em busca de alimento, eles também interagem com diversas frotas e tipos de pescaria.
Para entender as espécies que têm contato com os barcos de pesca, os cientistas analisaram dados coletados por observadores de bordo em 927 lances de pesca monitorados em águas adjacentes às costas do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. O estudo verificou a presença de 37 espécies de albatrozes e petréis, com registros de maiores abundâncias de indivíduos entre o outono e o inverno. A pardela-de-óculos (Procellaria conspicillata) e o albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos) foram as aves registradas com maior frequência durante todo o ano.
O estudo concluiu que a assembléia de espécies de albatrozes e petréis associados à pesca de espinhel no sul e sudeste do Brasil é rica, varia sazonalmente e é amplamente dominada por indivíduos que reproduzem em ilhas subantárticas e no arquipélago de Tristão da Cunha, além de indivíduos migrantes do norte, estando sujeitos aos efeitos dessa interação.
Banco de amostras biológicas
O último pôster apresentado pelo Projeto Albatroz foi de autoria da consultora técnica da base de Florianópolis (SC), Alice Pereira, além de Tatiana Neves e Dimas Gianuca, do Projeto Albatroz; Cristiane Kolesnikovas, da R3 Animal; e Patrícia Serafini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio). Intitulado ‘Banco de amostras biológicas brasileiro de albatrozes e petréis para pesquisa e conservação: uma central regional em potencial para facilitar o diretório de amostras’, o estudo detalhou a história e o desenvolvimento do BAAP, criado em 2018.
O Banco Nacional de Amostras Biológicas de Albatrozes e Petréis (BAAP) foi criado em 2018 como parte das ações previstas no Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap) e é realizado por meio de uma parceria entre o Projeto Albatroz, R3 Animal e CEMAVE/ICMBio.
O BAAP tem a função de receber, processar e organizar amostras biológicas de albatrozes e petréis, para fomentar a pesquisa através do acesso ao material biológico armazenado pelo Projeto Albatroz e o intercâmbio de informações entre 11 instituições parceiras (universidades, grupos de pesquisa, etc), maximizando o aproveitamento do material, destinando as carcaças dos animais para coleções ornitológicas e convertendo todas as amostras em fonte de dados para pesquisadores interessados.
Atualmente, o BAAP reúne mais de 6300 amostras de 38 espécies diferentes de albatrozes e petréis e já colaborou com quatro projetos de pesquisa, dois deles internacionais.
As buscas por amostras biológicas acessadas no acervo do BAAP são diretas, assim como o acesso às informações das amostras alojadas em outras instituições parceiras, que compartilham suas informações. É possível pesquisar as amostras disponíveis no site https://baap.org.br/.
Sobre a World Seabird Conference
A World Seabird Conference é uma reunião internacional de pesquisadores realizada pela primeira vez em 2010 no Canadá pelo consórcio World Seabird Union (WSU), uma organização sem fins lucrativos e não governamental formada pelas 21 principais organizações regionais e internacionais de pesquisa e conservação de aves marinhas do mundo. O objetivo da WSU é ser uma rede global de organizações de aves marinhas para melhorar a conservação e os estudos científicos sobre estes animais.
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