Temperaturas negativas? Saiba como os albatrozes estão preparados para sobreviver ao inverno polar
Aves subantárticas desenvolveram adaptações biológicas importantes para permitir que passem confortavelmente pelos meses mais gelados do Hemisfério Sul
Ventos fortes, neve e frio de temperaturas negativas que podem ultrapassar os dois dígitos. Este tipo de inverno severo não é o que estamos acostumados a enfrentar no Brasil, mas corresponde às condições climáticas enfrentadas por albatrozes e petréis nos meses mais frios do ano no Hemisfério Sul. Ao contrário do que pode parecer, as aves que vivem em ilhas subantárticas estão acostumadas ao inverno polar porque desenvolveram adaptações biológicas que as permitem continuar secas e aquecidas nas condições mais desfavoráveis à vida.
O biólogo doutorando em Oceanografia Biológica pela FURG e pesquisador Gabriel Canani, colaborador do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, explica que a peça-chave para entender a adaptabilidade dessas aves está na estrutura das penas. A presença de uma grande quantidade de plumas auxilia no isolamento térmico destes animais, funcionando como um casaco corta vento que envolve o corpo da ave em uma camada de ar seca e quente.
“O ar é um excelente isolante térmico. Não é atoa que temos casacos e cobertores preenchidos com plumas de ganso, ou que uma caixa de isopor (que possui 98% de ar em sua composição) mantenha nosso alimento aquecido ou resfriado. No caso dos albatrozes e petréis, uma camada de até 10 cm de ar quente e seco pode separar a pele da superfície das penas. Isso é fundamental para que as aves mantenham sua temperatura corporal. Quando vemos aves debilitadas, ou oleadas, essa impermeabilização das penas fica prejudicada, e em sua reabilitação um dos maiores desafios é evitar a perda de calor para o ambiente, tamanha a sua importância.”
As penas também garantem a impermeabilidade dos albatrozes e petréis no contato com a água do mar ou da neve, graças a ação das glândulas uropigianas. Essas glândulas ficam posicionadas na região da cauda de albatrozes e petréis, que espalham a secreção oleosa nas penas de todo o corpo com ajuda do bico, organizando seu arranjo e impermeabilizando-as.
Com as penas completamente impermeabilizadas, albatrozes e petréis podem mergulhar em busca de alimento, enfrentar chuvas fortes, e também ventos cortantes sem enfrentar maiores problemas.
Circulação Sanguínea ou Sistema Circulatório
Outra adaptação importante das aves da ordem Procellariiformes para conservar a temperatura corporal durante o inverno polar é a circulação sanguínea. Albatrozes e petréis são aves com metabolismo intenso e temperaturas corporais que podem variar entre os 41ºC e 44ºC. Seu coração é proporcionalmente maior do que dos mamíferos em geral e conta com quatro cavidades que bombeiam o sangue do corpo para os pulmões e de volta para o corpo sem misturar sangue arterial (com oxigênio) e venal (com gás carbônico), assim como os seres humanos.
Para sobreviver ao frio, as aves também contam com um sistema de contracorrente sanguínea, que evita que o sangue que viaja até as extremidades do corpo da ave volte frio para o coração.
E os filhotes?
Nascidos durante o verão subantártico, os filhotes de albatrozes e petréis não saem do ovo completamente adaptados às diversas condições climáticas que podem enfrentar durante a vida. Nos primeiros meses, enquanto ainda não desenvolveram suas plumagens, ficam sob as penas e os corpos dos pais para regular a temperatura corporal.
Após os primeiros meses, crescem rapidamente, ganhando uma plumagem espessa, lembrando muitas vezes a de uma bola de algodão. Nesta fase, já conseguem se manter aquecidos por conta própria enquanto se alimentam com ajuda dos pais e continuam se desenvolvendo para chegar ao inverno fortalecidos, saudáveis e com suas penas de coberturas completas, que garantem o isolamento térmico.
Os albatrozes e petréis são aves com alta demanda energética. Eles podem ser bastante oportunistas quando o assunto é alimento, comendo desde moluscos, crustáceos e pequenos peixes, além de descartes de pesca e carcaças de animais. A gordura presente nessas refeições é usada para manter a energia vital durante longas viagens e, também, ajudar na regulação da temperatura corporal.
Referência da figura: A Economia da Natureza - Ricklefs 6ª edição.
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