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Tatiana Neves, fundadora e coordenadora geral do Projeto Albatroz: “o centro é um sonho que se tornou realidade”

5 DICAS DE ATIVIDADES (4)

Há mais de três décadas a frente da instituição, a bióloga reflete sobre a trajetória do projeto, o papel do centro e o envolvimento com a comunidade de Cabo Frio (RJ)

Com área útil de mais de 18 mil m², ao lado do Parque Ecológico Municipal Dormitório das Garças e da Lagoa de Araruama, pontos-chave para a conservação da fauna costeira da Região dos Lagos, o Centro de Visitação e Educação Marinha do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, foi inaugurado oficialmente no dia 24 de setembro, com atrações locais e público de mais de mil pessoas.

Para a fundadora e coordenadora geral do Projeto Albatroz, Tatiana Neves, o centro é um sonho antigo, surgido ainda nos primeiros meses de criação do projeto, quando ela se encantou com o mundo das aves oceânicas e decidiu se dedicar a conservá-las. 

Segundo ela, a escolha pela cidade de Cabo Frio foi estratégica para o trabalho do Projeto Albatroz, que está presente na região desde 2014. Isso porque trata-se de uma área pesqueira importante e rica do ponto de vista oceanográfico, da qual os albatrozes mais se aproximam da costa, o que torna possível avistar essas aves pelágicas com mais facilidade do que em qualquer outra região do país.

Confira uma breve entrevista com Tatiana Neves, fundadora e coordenadora geral do Projeto Albatroz: 

1 - Após 33 anos de trajetória na conservação marinha, o Projeto Albatroz inaugurou seu primeiro Centro de Visitação. Como fundadora e coordenadora geral da instituição, o que isso significa para você?

Significa, literalmente, a realização de um sonho. Quando eu era apenas uma jovem bióloga trabalhando em Santos, e tive contato com um pesquisador que estava em um barco pesqueiro vindo do Sul trazendo uma grande quantidade de aves mortas pela pescaria de espinhel, tive contato pela primeira vez com a realidade da captura incidental. Quanto mais eu pesquisava sobre o assunto, mais eu percebia que aquele seria um projeto para a vida inteira. E está sendo. Desde o início, sonhávamos com a possibilidade de sensibilizar o público geral, estudantes, crianças, adultos e também os pescadores sobre essa problemática, com um espaço dedicado ao assunto. E hoje posso dizer com orgulho que nosso centro é muito mais incrível do que um dia eu já sonhei.

2 - De tantas cidades no Brasil, por que o Projeto Albatroz escolheu Cabo Frio para a sede do centro?

Cabo Frio é uma cidade muito importante para a biodiversidade marinha e também para nós enquanto instituição. Primeiramente, a ressurgência é um fenômeno oceanográfico que ocorre na costa cabofriense que, com os fortes ventos, traz para a superfície os nutrientes das camadas mais profundas do oceano, atraindo espécies de cetáceos, peixes e aves, como é o caso dos albatrozes e petréis. Em segundo lugar, a pesca tradicional da cidade é essencial para a conservação das aves costeiras e marinhas, por isso desde 2014 estamos em Cabo Frio por meio de uma parceria com a Universidade Veiga de Almeida (UVA), graças ao nosso amigo de longa data e consultor do Projeto Albatroz, Eduardo Pimenta. Nesses quase dez anos, desenvolvemos trabalhos consistentes de pesquisa, monitoramento do porto, educação ambiental com pescadores e também escolas, que culminaram no reconhecimento do nosso trabalho pela Prefeitura de Cabo Frio. Em 2019, o então prefeito Adriano Moreno assinou o projeto de lei nº 179/2019, que cedeu o terreno ao lado do Dormitório das Garças para a construção do Centro de Visitação. Temos uma história especial com Cabo Frio!

3 - Além de atrair turistas e inseri-los no contexto da cultura oceânica, o centro também terá um papel social? Como será isso?

Sim, nosso objetivo é que o centro seja um local agregador para os moradores das comunidades do entorno. Eles podem ter acesso ao centro gratuitamente e participar das atividades de educação ambiental, entretenimento, oficinas e cursos. Também queremos que o centro seja nosso polo de educação ambiental. Desde 2011, realizamos as ações do Programa Albatroz na Escola (PAE) dentro das salas de aula. Agora, nosso desejo é que as escolas venham até nós em dias especiais, onde vamos dar atenção total aos alunos e desenvolver, juntos, atividades que sensibilizem as crianças sobre a importância da conservação marinha.

4 - Como foi criada a ideia por trás das exposições do Centro de Visitação? O que o público pode esperar da experiência?

Desde o início, nossa ideia era que os visitantes pudessem fazer um verdadeiro mergulho na biodiversidade marinha, porque os albatrozes não estão sozinhos no oceano. Eles fazem parte de um grande sistema de vida, de distribuição de nutrientes e de energia na cadeia alimentar oceânica. Além disso, queríamos mostrar as características das aves e também apresentar as particularidades do mangue, um ecossistema tão rico, tão próximo do Centro de Visitação e tão importante para a vida no oceano. Por isso, criamos um trajeto que começa na Trilha do Mangue, onde o visitante pode conhecer a fauna e a flora características do manguezal; que leva à Calçada dos Ecossistemas, onde é possível conhecer a sucessão de ecossistemas marinhos e costeiros que vem desde o mangue, lagoa, restinga, dunas, praia arenosa, costão rochoso, ambiente ple´gico e por fim, o oceano. aDali, o visitante é convidado a dar um mergulho no Espaço Oceano e se encantar com a diversidade das espécies que habitam esse ambiente. Para fechar a visitação, o Espaço Albatroz fala sobre a biologia dos albatrozes e petréis, apresentando as espécies e adaptações biológicas dessas aves incríveis, explicando a interação delas com a pesca e guiando o visitante por uma reflexão sobre o seu papel na conservação do oceano. 

5 - Agora, com esse sonho realizado, quais são os próximos passos para o futuro do Projeto Albatroz?

Fazer valer o nosso Centro de Visitação, transformá-lo em uma ferramenta de referência em turismo e educação ambiental na Região dos Lagos, envolvendo toda a sociedade, principalmente as comunidades nas nossas ações e fazer com que eles se sintam parte desse projeto. Além disso, é claro, os próximos passos também envolvem aprimorar nosso trabalho contínuo com os pescadores, para que possamos aumentar cada vez mais o uso das três medidas de mitigação da captura (toriline, largada noturna e regime de peso) a bordo dos barcos, conservando albatrozes, petréis, e outros animais marinhos. Há também o planejamento de diversas ações junto às comunidades do entorno para capacitação de forma promover um impacto social positivo na região. Queremos alçar voos mais altos, conquistar novos públicos e disseminar a mensagem da conservação oceânica.


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