Tartarugas marinhas de espécies ameaçadas de extinção encalham em praias de Cabo Frio e Búzios, na Região dos Lagos (RJ)
Animais resgatados pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias do Instituto Albatroz apresentavam sinais de interação com atividades de pesca
Duas tartarugas marinhas ameaçadas de extinção foram encontradas encalhadas nas praias do Peró, em Cabo Frio, e Manguinhos, em Búzios, nos últimos dias. Os animais, uma tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), apesar de vivos, apresentavam claros sinais de interações prejudiciais com atividades pesqueiras.
A equipe do Projeto de Monitoramento de Praias, executado pelo Instituto Albatroz na Região dos Lagos, procedeu com o resgate dos animais, encaminhando-os para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da instituição, em Araruama (RJ), onde os cuidados com os animais foram prontamente iniciados. As duas tartarugas apresentavam quadros de pneumonia secundária à aspiração de água e estão atualmente sob os cuidados da equipe de veterinárias e tratadores do CRD do Instituto Albatroz, passando por processo de estabilização. Ambas já apresentam melhora.
Episódios como estes são comuns no resgate de animais marinhos, que frequentemente interagem com a pesca e podem ser capturados de forma não-intencional. Durante as saídas de pesca, são lançados ao mar materiais como linhas, anzóis, redes e outros itens necessários para a captura dos peixes, que podem ser confundidos com alimento e ingeridos por animais marinhos, interação conhecida como captura incidental.
"Estes eventos são um triste lembrete dos impactos diretos da pesca sobre a vida marinha. A situação dessas tartarugas destaca a necessidade de práticas de pesca responsáveis e regulamentadas", afirma a médica veterinária Gabriela Bezerra. Amostras foram coletadas para exames hematológicos com o objetivo de avaliar mais detalhadamente a situação de saúde dos animais e gerar dados para futuras ações de conservação.
No Brasil, a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) é facilmente identificada por seu grande tamanho e cabeça volumosa. Esta espécie se alimenta principalmente de moluscos, crustáceos e peixes, utilizando sua mandíbula robusta para quebrar as carapaças de suas presas. Ela é frequentemente encontrada nas águas costeiras brasileiras, onde realiza seu ciclo de vida, desde a nidificação até o crescimento dos filhotes.
A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) também frequenta as águas brasileiras e possui uma cabeça estreita e bico afilado, usado para se alimentar entre rochas e recifes. Possui uma dieta bem específica, alimentando-se principalmente de esponjas marinhas. Sua carapaça é altamente valorizada pela beleza dos padrões que apresenta, o que, infelizmente, a torna alvo para o comércio ilegal, usado na fabricação de joias e outros ornamentos. Essa espécie também enfrenta ameaças de perda de habitat de nidificação e de captura acidental em atividades pesqueiras.
Ambas as espécies desempenham papéis ecológicos vitais nos ecossistemas marinhos. Elas ajudam a manter a saúde dos habitats marinhos e são indicativas da qualidade ambiental das águas. Contudo, enfrentam desafios significativos decorrentes da atividade humana, como a captura incidental na pesca, poluição marinha e as alterações em seus habitats. É crucial que esforços de conservação continuem sendo intensificados para proteger essas espécies essenciais.
Projeto de Monitoramento de Praias
O Instituto Albatroz, que atua na Região dos Lagos desde 2014, recentemente inaugurou um Centro de Visitação em Cabo Frio e passou a executar o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, somando 25 praias espalhadas por 54 quilômetros de litoral. O monitoramento é feito diariamente a pé e com o uso de quadriciclos por técnicos e monitores. A população também pode acionar as equipes de monitoramento ao avistar um animal marinho vivo ou morto nas praias, através do telefone 0800 991 4800.
Durante a atividade, aves e tartarugas marinhas encontradas vivas pelas equipes de campo são encaminhadas para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da fase de transição, em Araruama, também sob responsabilidade do Instituto Albatroz. Os animais encontrados sem vida também seguem para o CRD, onde são submetidos à necropsia para que a causa da morte seja determinada, quando possível.
O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
Telefone de contato para acionamento do PMP-BC/ES na Região dos Lagos: 0800 991 4800
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