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Projeto Albatroz realiza primeira roda de conversa com pescadores de Armação dos Búzios (RJ)

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Encontro reuniu mais de 30 pescadores da frota artesanal, semi industrial e marisqueiras da cidade que fazem parte da Colônia Z-23

Ampliar o relacionamento com pescadores da Região dos Lagos, área de importância nacional para a conservação de aves marinhas, é um dos principais objetivos do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras. Por este motivo, a equipe técnica da instituição realizou uma roda de conversa com os profissionais da frota artesanal, semi industrial e marisqueiras da Colônia Z-23, na primeira semana de dezembro, na sede do Instituto Educacional de Habilitação Profissional e Formação Integral, em Armação dos Búzios. Esta foi a primeira atividade de educação ambiental na cidade.

O evento contou com a presença de mais de 30 pescadores das comunidades da Raza, Manguinhos, Centro e Ponta do Pai Vitório; o presidente da Colônia Z-23, Dionízio Souza Silva; o chefe de gabinete do prefeito, Marcos Rocha; o Superintendente de Pesca da Secretaria de Meio Ambiente do município, Luiz Paulo; o consultor de assuntos estratégicos do Projeto Albatroz em Cabo Frio (RJ), Eduardo Pimenta; e os membros da equipe técnica da instituição: o gerente de pesquisa científica Caio Marques e a consultora Mariana Dantas.

Eduardo Pimenta contextualizou as modalidades pesqueiras da região, evidenciando as mais praticadas no município, fazendo uma ligação com a conservação marinha e a importância do papel dos pescadores em contribuir para a proteção das espécies. Ele também apresentou o projeto do Centro Albatroz, que reunirá a comunidade pesqueira da Região dos Lagos em diversas atividades, de educação ambiental, lazer e oficinas, acessíveis para toda a família.

Parceria na mitigação da captura incidental

O gerente científico do Projeto Albatroz, Caio Marques, apresentou aos pescadores os principais conceitos sobre a interação das aves oceânicas com a pesca e apresentou o conjunto de medidas mitigadoras que contribuem para diminuir as capturas incidentais: toriline, largada noturna, regime de peso e, mais recentemente, o uso de hookpods.

Mariana Dantas, consultora técnica responsável pelo monitoramento dos portos com os pescadores no porto de Cabo Frio (RJ), apresentou a dinâmica de funcionamento da coleta de dados nos barcos de pesca, que é feita de forma voluntária pelos pescadores. Estes dados ajudam o Projeto Albatroz a entender as principais espécies encontradas em alto-mar pelos profissionais, além de atualizar números sobre a captura. Estes dados são valiosos para pesquisas científicas que ajudam a fomentar políticas públicas nacionais e internacionais de conservação.

Relatos da pesca

Com mais de 30 anos de experiência em embarques com pescadores, os pesquisadores do Projeto Albatroz também buscam ouvir os relatos dos pescadores, seus desafios e realidades em alto-mar. 

Valmir, da Praia Rasa, fez um relato emocionado no encontro, dizendo que sustentou toda a sua família com a pesca oceânica e que, mesmo cumprindo mandato de vereador na cidade, nunca deixou de ser pescador. Em sua carreira, já havia naufragado duas vezes na região e em uma delas perdeu dois amigos de pesca.

O pescador Valdecir Pereira dos Santos relatou que costuma avistar albatrozes, pardelas e almas-de mestre interagindo com embarcações da região, tanto no lançamento quanto no recolhimento dos anzóis e na evisceração do produto da pesca - o que reforça a importância do trabalho de educação ambiental.

Na roda de conversa, a marisqueira Selma O. G. contou a sua experiência com desafios e conquistas à frente da Associação de Marisqueiras da Ponta do Pai Vitório, que conta com mais de 150 mulheres marisqueiras do município.

Representando as famílias da pesca, Alcir Souza também deu relatos sobre as pescarias de pescada-amarela, bagre e a tradição da cultura da pesca das gerações da sua família. Dona Zileia de Oliveira, acompanhada de seu filho, participou da roda de conversa comentando seu orgulho de ser mulher da pesca, trabalhando com a coleta de mariscos na cidade.

De acordo com o gerente de pesquisa científica do Projeto Albatroz, Caio Marques, conhecer as realidades da pesca em Armação dos Búzios é relevante não só para o desenvolvimento de pesquisas pela instituição, mas também para envolver as famílias que vivem da pesca nas atividades do Centro Albatroz. “Nosso objetivo é entender seus principais desafios e necessidades, a fim de que possamos trabalhar juntos de forma mais integrativa, oferecendo, atividades que apoiam os pescadores e suas famílias, e de lazer para todos no centro de visitação, que estará pronto no final do ano que vem”.

Centro Albatroz

O primeiro centro de visitação do Projeto Albatroz está sendo construído em uma área útil de mais de 18 mil m² ao lado da Lagoa de Araruama, em Cabo Frio (RJ). O Centro terá como objetivo principal disseminar a cultura oceânica e também a desenvolver a educação ambiental marinha para crianças, jovens, educadores, pescadores e turistas de toda a Região dos Lagos, alinhado com a Década do Oceano, que teve início neste ano de 2021.

Nele, os visitantes poderão vivenciar experiências relacionadas ao ecossistema marinho e costeiro e também a biologia e as características dos albatrozes e petréis, grupo de aves mais ameaçadas do planeta. No espaço, também serão realizadas exposições tecnológicas e artísticas, oficinas e atividades socioambientais e culturais para o público.

Projeto Albatroz no Rio de Janeiro

O Projeto Albatroz nasceu em Santos (SP) e desde 1990 trabalha pela conservação das espécies de albatrozes e petréis que se alimentam em águas brasileiras. Desde 2014, o Projeto mantém uma base avançada de pesquisa na Universidade Veiga de Almeida (UVA), no campus de Cabo Frio (RJ). Por meio da parceria com o Grupo de Estudos da Pesca (GEPESCA), coordenado pelo Prof. Eduardo Pimenta, foi possível ampliar os estudos do Projeto para o Porto de Cabo Frio, rota de diversas embarcações de pesca de espinhel com a qual albatrozes e petréis interagem e pela qual são capturados. 

Atualmente, o Projeto mantém bases nas cidades de Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS), Cabo Frio (RJ) e Natal (RN).

 

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