Projeto Albatroz discute estratégias de conservação de albatrozes e petréis em reuniões internacionais
Encontros dos grupos de trabalho e 12º encontro do Comitê Assessor do ACAP contaram com trabalhos da equipe técnica do Projeto Albatroz
Estimativas do Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP) indicam que 40 mil albatrozes morrem todos os anos devido à captura incidental pela pesca industrial ao redor do mundo. Com tantas particularidades climáticas, geográficas e produtivas envolvidas nesta problemática, é necessário, portanto, que as estratégias de conservação tenham proporções globais. O Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, participou no final de agosto dos encontros propostos pela 12ª Reunião do Comitê Assessor do ACAP (AC12). Pela primeira vez, o evento foi realizado de forma virtual em decorrência da pandemia de COVID-19.
Duas semanas antes do AC12, pesquisadores de todo o mundo se reúnem em dois grandes grupos de trabalho que analisam pesquisas, resultados de estudos e propostas de ações para melhoria da conservação. O primeiro deles, o Grupo de Trabalho de Captura Incidental de Aves Marinhas (Seabirds Bycatch Working Group, ou SBWG) estuda as diferentes modalidades de pesca que colocam albatrozes e petréis em risco e como minimizar os efeitos desta atividade sobre as aves.
Já o segundo, chamado Grupo de Trabalho de Populações e Status de Conservação (Population and Conservation Status Working Group, ou PaCSWG), faz a análise de estudos sobre as tendências populacionais das aves, além de discutir outras ameaças a que albatrozes e petréis estão sujeitos, como é o caso da ingestão de plástico. Estas atividades ajudam a determinar quais são as espécies mais vulneráveis às ameaças e que, portanto, precisam receber atenção especial nas ações de conservação.
Captura incidental de aves marinhas
Nos dias 16, 17 e 18 de agosto, os membros da equipe técnica do Projeto Albatroz participaram do SBWG10. Foram apresentados três estudos com a participação do Projeto Albatroz na reunião, um deles intitulado ‘Captura incidental de aves marinhas em pescarias de espinhel demersal do Sudeste do Brasil’. Este paper analisou dados fornecidos por pescadores de Cabo Frio (RJ) e coletados pelo Projeto Albatroz ao longo de dois anos, revelando informações inéditas sobre a captura incidental de aves marinhas na região, discutindo suas consequências para a conservação e oferecendo recomendações de manejo adequado.
Outra pesquisa apresentada pelo Projeto Albatroz no SBWG10 trouxe avanços nos estudos sobre a efetividade do Hookpod-mini nas pescarias brasileiras - realizada com apoio financeiro do ACAP. Intitulada ‘Testando o novo Hookpod-mini, configurado para
ser aberto a 20m de profundidade, na pesca de espinhel pelágico no sul do Brasil’, ela reforça a eficácia do equipamento como uma medida autônoma de mitigação das capturas incidentais de aves marinhas, sem aumentar a captura de outros animais marinhos, e mantendo a produtividade da pesca das espécies-alvo.
Os resultados positivos do hookpod-mini e do dispositivo de largada submersa, testado por outra equipe de pesquisadores, fez com que estas medidas mitigadoras fossem recomendadas entre as melhores práticas do acordo.
Populações e status de conservação
Já nos dias 23 e 24 de agosto, os pesquisadores participaram do PaCSWG6, que tem a coordenação da médica veterinária do CEMAVE/ICMBio, Patricia Serafini, colaboradora do Projeto Albatroz em Florianópolis (SC). Nesta reunião, foi apresentado o estudo ‘Ingestão de plástico em albatrozes e petréis na costa da Argentina e do Brasil’, com a coautoria de Alice Pereira e Tatiana Neves, do Projeto Albatroz, e outros pesquisadores sul americanos.
Os cientistas avaliaram a ingestão de itens plásticos menores do que 1 mm em 11 espécies de Procellariiformes ao longo da costa do Brasil e da Argentina e encontraram amostras em 33% das carcaças de aves examinadas. Os resultados confirmaram que a ingestão de plástico é um problema comum para albatrozes e petréis no Oceano Atlântico Sudoeste, destacando a necessidade de ações para combater o problema e a importância do uso de protocolos padronizados para coleta e análise de amostras para a realização deste tipo de pesquisa - o que é possível no Brasil graças ao Banco Nacional de Amostras Biológicas de Albatrozes e Petréis (BAAP).
12ª Reunião do Comitê Assessor
Realizada na primeira semana de setembro, a reunião do AC12 tem o objetivo de analisar os relatórios apresentados pelos grupos de trabalho do ACAP, compilar todas as discussões e aprovar os principais planos de trabalho para os próximos anos. Fundadora e coordenadora geral do Projeto Albatroz, Tatiana Neves é vice-presidente do Comitê Assessor do ACAP e participa ativamente deste processo.
“O AC12 é um evento de grande relevância para a conservação de albatrozes e petréis não só na América do Sul, mas também em todo o mundo. Nas reuniões nós trocamos experiências importantes que depois aprimoram as ações de conservação dessas aves no Brasil, realizadas em parceria com o poder público, pescadores e empresas pesqueiras”, explica.
Em maio do ano que vem, representantes de todos os países signatários do acordo se reunirão novamente para o 7º Meeting of The Parties (Reunião das Partes), a principal reunião do ACAP, em Hobart, na Austrália.
Sobre o ACAP
O Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP) reúne 13 países cujos mares territoriais são utilizados por albatrozes e petréis para a alimentação, migração ou reprodução, principalmente na porção meridional do planeta. Atualmente, também são signatários do acordo: Argentina, Austrália, África do Sul, Chile, Espanha, Equador, França, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Reino Unido e Uruguai.
O ACAP tem o intuito de coordenar os esforços dos países envolvidos e estabelecer metas para a conservação destas aves. Em 2008, o Governo Federal ratificou a adesão do Brasil ao acordo. A entrada do país no ACAP é estratégica devido à alta incidência de capturas em nosso mar territorial. Estima-se que até 4 mil albatrozes e petréis morram incidentalmente todos os anos fisgadas pelos anzóis das pescarias de espinhel somente no Brasil.
O Acordo estabelece diretrizes multilaterais para proteger estas aves ao redor do mundo. Em linhas gerais, ele propõe a troca de dados e resultados de pesquisas sobre a ocorrência de albatrozes e petréis nos países participantes, a criação de planos de ajuda mútua entre as nações, além de recomendar práticas e usos de medidas que visem diminuir a captura incidental de aves marinhas.
Saiba mais sobre o ACAP no site: https://acap.aq/
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