Pesquisas em alto-mar continuam em novembro
O observador de bordo do Projeto Albatroz Caiame Januário Nascimento está no barco Marbela I, fazendo pesquisas para monitorar a interação de albatrozes e petréis com a pesca de espinhel pelágico, técnica industrial usada para capturar atuns, espadartes e tubarões (esses últimos vendidos comercialmente como meca e cação). Ele embarcou no porto de Rio Grande (RS) no dia 26 de outubro e deve ficar por aproximadamente 25 dias em alto-mar.
Outros observadores embarcaram em outubro e já retornaram. Ricardo Moreira e Matheus Bella chegaram no início de novembro, depois de algumas semanas em alto-mar nas embarcações Maria e Yamaya III, também com o objetivo de estudar a interação das aves com a pescaTodos esses embarques dão prosseguimento aos estudos realizados pelo Projeto Albatroz, que são contínuos e contribuem para a compreensão do atual cenário de captura de aves oceânicas pela frota pesqueira nacional. Esses levantamentos também registram a produção pesqueira e a captura de espécies que não são alvo das pescarias, a exemplo de tartarugas e de peixes sem valor comercial.
Dimas Gianuca, coordenador da base do Projeto em Rio Grande, também esteve a bordo do Rei do Atum durante nove dias. Além de fazer os registros rotineiros realizados durante os embarques, Dimas também fez pesquisas sobre medidas para reduzir a captura não intencional das aves pela pesca, como comparar o grau de interação das aves com o espinhel durante lances com a utilização do toriline (linha espanta aves) e lances sem esse dispositivo.. Elas fazem parte do trabalho realizado em parceria com o Albatross Task Force (ATF), programa da BirdLife International que reúne um time global de pesquisadores e observadores de bordo. A BirdLife International é uma organização que congrega entidades de conservação do mundo todo, entre elas o Projeto Albatroz.
Um desses estudos focou a mensuração da influência da adição de luzes elétricas à pilha (usadas para atrair os peixes) posicionadas próximas ao peso das linhas, de forma a avaliar se elas interferem na maior velocidade de afundamento dos anzóis. “Essa análise é importante porque, quanto mais tempo o equipamento de pesca demora para afundar, maior é o tempo que os anzóis iscados permanecem em profundidades nas quais as aves podem alcançá-los”, comenta Dimas. Ao tentar comerem as iscas, as aves ficam presas nos anzóis e morrem afogadas.
Esta pesquisa foi motivada pela hipótese, sugerida por pescadores, de que as luzes aumentariam a velocidade de afundamento dos anzóis iscados. Entretanto, os resultados preliminares ainda não confirmam essa hipótese. As trajetórias de afundamentos dos anzóis são monitoradas com o uso de Time Depth Recorders (TDR), dispositivos eletrônicos que registram, a cada segundo, a profundidade do anzol iscado. O próximo passo será realizar novas análises, incluindo os dados obtidos nesse último embarque.
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