Osteomontagem: a técnica de transformar ossos em albatrozes articulados
Recurso permite que pesquisadores observem detalhes das aves imperceptíveis a olho nu e encanta visitantes de exposições científicas
Quem nunca quis saber como os pequenos ossos de uma ave estão encaixados para permitir seu andar em terra firme e a leveza do voo nos céus? E os ossos de uma incrível baleia jubarte, que surpreendem pelo seu tamanho e complexidade? Graças à osteomontagem é possível entender melhor como funciona a estrutura do esqueleto dos animais, contribuindo para pesquisas e também para a educação ambiental. A consultora técnica do Projeto Albatroz em Florianópolis (SC), Alice Pereira, é especialista no assunto e levou a técnica para uma feira de ciências de primeira infância no último mês.
A osteologia é a disciplina que estuda os ossos, sua estrutura, formação e composição. E por mais semelhantes que pareçam, a osteomontagem é uma técnica que pouco tem a ver com essa disciplina.
O objetivo da osteomontagem é dispor os ossos de um determinado animal em sua posição e função original, colocando o esqueleto em uma posição anatômica, ou seja, igual aquela que a espécie apresentava em vida - aproveitando-a para exposições, estudos e atividades de educação ambiental.
Foi com este último objetivo que Alice, que é bióloga, ornitóloga, especialista em aves marinhas e costeiras, coleções zoológicas, osteologia e taxidermia de aves, levou a técnica da osteomontagem para a I Feira de Ciências do Município de Governador Celso Ramos (SC). Na atividade, ela mostrou aos alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental o esqueleto de uma pardela-preta (Procellaria aequinoctialis).
Com o esqueleto articulado, as crianças puderam conhecer de perto uma ave que passa a maior parte da vida em alto-mar, voando longas distâncias à procura de alimento e interagindo com embarcações pesqueiras, que por vezes podem capturá-las por acidente. Segundo Alice Pereira, é importante mostrar aos alunos peças com que possam interagir, pois observar e tocar facilita o processo de memorização das informações que estão sendo transmitidas, além de criar um vínculo emocional entre o aluno e o animal exposto.
No meio acadêmico, ela salienta que a osteomontagem tem valor científico: “A importância da osteomontagem para estudos está em mostrar o que não podemos ver a olho nu quando o animal está vivo”.
Segundo Alice, as aves da ordem Procellariiformes, como os albatrozes e os petréis, possuem uma característica especial: por serem aves planadoras, os ossos dos membros anteriores, são bastante alongados, principalmente o úmero, rádio e ulna (que correspondem ao nosso antebraço e braço, por exemplo).
“Isso é vital para as aves que dependem do voo planado para se deslocarem”, afirma. “Um membro anterior alongado oferece uma ampla superfície de contato com o ar, assim como um avião planador. Nessa asa alongada, há espaço para uma presença numerosa de penas de voo secundárias, essenciais para o estilo planado”.
Curso de Taxidermia
Também em novembro, a consultora técnica ministrou um minicurso de taxidermia para membros Associação R3 Animal, que é parceira do Projeto Albatroz na manutenção do Banco Nacional de Amostras Biológicas de Albatrozes e Petréis (BAAP), juntamente como o CEMAVE e o ICMBio, em Florianópolis.
Diferente da osteomontagem, a taxidermia é uma técnica de preservação de pele do animal, preenchendo seu organismo com materiais não perecíveis, com a possibilidade de dispor o animal em posição realística, caso haja interesse.
Alice, que é uma das responsáveis pela coleta de amostras, utilizou no curso carcaças de aves que morreram em decorrência de captura incidental pela pesca, recuperadas por observadores de bordo do Projeto Albatroz.
No total, cinco técnicos da R3 Animal participaram do minicurso, que teve duração de dois dias e o foco em taxidermia de aves para coleções científicas.
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