Sobre o
Projeto Albatroz

Arianne Fonseca viajou a Miami Beach para trocar experiências sobre o engajamento da juventude no combate às mudanças climáticas com pessoas de todo o mundo

A juventude é o futuro do clima, da conservação e do planeta. Por isso, o Future Leaders Climate Summit, evento organizado pelo Aspen Ideas, reuniu 250 jovens de várias regiões na cidade de Miami Beach, no início de março, para que pudessem compartilhar experiências e se engajar em discussões sobre política climática, comunicação e ação com especialistas em clima e energia. Entre os selecionados para o evento estava Arianne Fonseca, bióloga de formação e integrante do Coletivo Jovem Albatroz (CJA). 

O CJA é o espaço de formação de jovens lideranças na conservação marinha e costeira do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras. Desde 2015, o coletivo já capacitou mais de cem pessoas para a criação e realização de ações de intervenção para a transformação das comunidades onde vivem, com formações sobre temas ligados à produção artística, audiovisual e educação ambiental. Como uma das jovens mais experientes do CJA, Arianne levou toda sua bagagem sobre o assunto para o evento, onde teve a oportunidade de fazer networking e se conectar com ideias inspiradoras. 

O evento tinha uma abordagem multidisciplinar, trazendo não só jovens biólogos para discutir o tema, mas também cientistas de dados, especialistas em políticas públicas, analistas internacionais, comunicadores, etc. Assim como no CJA, o Future Leaders Climate Summit acredita no potencial de jovens com as mais diversas formações para atuar no combate às mudanças climáticas.

Arianne conta que compartilhou informações sobre as iniciativas e formações do Coletivo Jovem Albatroz, que busca sempre trazer o viés da importância da conservação do oceano para conter a crise no clima. Entre iniciativas que trabalham com foco nesse mesmo ecossistema, conversou com jovens de instituições como a Parley, Sustainable Ocean Alliance e Eco Angola. Sobre o último, ela destaca que já conhecia e admirava o trabalho: “assim como no CJA, são os jovens que lideram as atividades de conservação de florestas e mares, reciclagem e combate à poluição. É muito interessante ver um país que fala português e tem ações tão bacanas lideradas por jovens, assim como nós”.

De toda a programação do evento, dois workshops chamaram sua atenção: um sobre justiça ambiental e outro sobre a conexão entre o oceano e a saúde humana. No primeiro, liderado por Destini Smith, da Catalyst Miami, abordou a justiça e o racismo ambiental a partir das comunidades mais pobres de Miami Beach, e como problemas como a especulação imobiliária e o distanciamento dos grandes centros urbanos deixou comunidades vulneráveis às ações climáticas, algo que é identificado no Brasil.

Já o segundo explorou a forte relação entre o oceano e a saúde humana, discutindo soluções e pesquisas sobre o ecossistema para fortalecer a ciência e engajar pessoas em ações em prol do clima. Os jovens envolvidos neste workshop discutiram como ingredientes naturais para a produção de remédios podem estar no oceano e beneficiarem a sociedade, e mostrando como os esforços para isso estão obtendo bons resultados, provando que a juventude é capaz de criar projetos de impacto.

Na areia da praia de Miami Beach, os jovens participantes se engajaram em uma ação clean-up em parceria com o projeto Clean Miami Beach. Em apenas uma hora de coleta em grupo, foram recolhidos mais de 46 kg de resíduos, constituído principalmente de fragmentos plásticos, garrafas, canudos, bitucas de cigarro e outros itens facilmente encontrados nas praias brasileiras, chamando atenção para essa problemática global.

Aspen Ideas: Climate

Organizado pelo Aspen Institute, o Aspen Ideas: Climate foi o evento principal, que realizou o Future Leaders Climate Summit como uma forma de valorizar o trabalho da juventude para combater as mudanças climáticas e seus efeitos. Ele reuniu formadores de políticas públicas, cientistas, líderes empresariais, pesquisadores, artistas e formadores de opinião para oferecer ao público a chance de interagir, aprender e colaborar com pensadores e realizadores cujas ações são críticas para mitigar os efeitos da crise no clima e desenvolver técnicas de adaptação a elas.

A programação extensa contou com uma série de workshops, palestras e mesas redondas que trouxeram discussões sobre o aumento do nível do mar, inundações, florestas, tecnologias de energia renovável, impacto das mudanças climáticas na alimentação e agricultura, arquitetura, mobilidade urbana e comunicação da crise climática.

Um dos encontros que mais chamaram a atenção de Arianne foi uma conversa entre a cantora Gloria Estefan e a vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris. Elas falaram sobre os planos e ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas pelo governo de Joe Biden e, em uma resposta aos jovens do Future Leaders Climate Summit, analisaram o fator da saúde mental na luta pelo clima. Conhecido como eco ansiedade, esse comportamento afeta principalmente a juventude, causando medo em relação às condições de vida no futuro, tendo em vista os efeitos cada vez mais fortes das mudanças climáticas. “Kamala Harris disse que acredita no potencial dos jovens para o futuro do planeta”, lembra Arianne.

Balanço

A integrante do Coletivo Jovem Albatroz ressalta que uma das principais lições que levou do evento é a importância de agir, apesar das inseguranças. “Mesmo que você ache que talvez não tenha conhecimento suficiente, você pode fazer ações para as suas comunidades, para impactar onde você vive, de acordo com a sua realidade”, afirma. “As realidades no enfrentamento das mudanças climáticas são bastante similares entre países, mas também existem muitas diferenças sobre quando abordamos a interseccionalidade de gênero, classe, raça”. 

A participação no Future Leaders Climate Summit e a oportunidade de acompanhar o Aspen Ideas: Climate também a fez refletir sobre o potencial das trocas de experiências e do intercâmbio cultural como ferramenta para enfrentar as tragédias causadas pela mudança no clima. “Fiquei fascinada como a gente pode se conectar com pessoas de outros lugares do mundo, com culturas diferentes, contarmos nossos desafios e buscarmos soluções sobre o que é possível fazer. Essa troca é muito rica e inspiradora”, finaliza.