Instituto Albatroz dá início à execução do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) na Região dos Lagos
Trabalho a pé e em quadriciclos é feito em um trecho de 54 quilômetros, abrangendo 25 praias das cidades de Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios
No início de junho, o Instituto Albatroz deu início à uma nova fase de trabalho em prol da conservação de albatrozes, petréis e também de outros animais marinhos que ocorrem na costa da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. O instituto foi escolhido para executar o Projeto de Monitoramento de Praias das Bacias de Campos e Espírito Santo (PMP-BC/ES) da Petrobras, em um trecho de 54 quilômetros que vai de Unamar, em Cabo Frio, à Prainha, em Arraial do Cabo, passando pelas praias de Búzios. O PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
O monitoramento é feito diariamente a pé e em quadriciclos por técnicos capacitados para identificar e fazer o primeiro atendimento aos animais. Durante a atividade, aves e tartarugas marinhas encontradas vivas pelas equipes de campo são encaminhadas para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da fase de transição, em Araruama (RJ), também sob responsabilidade do Instituto Albatroz. Os animais encontrados sem vida também seguem para o CRD, onde são realizadas necropsias, visando a determinação da causa de morte, quando possível.
De acordo com o biólogo responsável pelo PMP-BC/ES no Instituto Albatroz, Caio Azevedo Marques, por conta da ressurgência, um fenômeno oceanográfico que promove o afloramento de águas profundas, ricas em nutrientes e alimento para os animais marinhos, a costa da Região dos Lagos é uma área de grande produtividade biológica, e portanto um ponto importante para animais residentes ou migrantes/visitantes, o que reforça a importância do trabalho do PMP.
"Através das atividades do PMP, promovemos o monitoramento diário das praias, garantindo atendimento veterinário para reabilitação de animais que sejam encontrados vivos na faixa de areia, com a saúde debilitada; e avaliando os possíveis impactos antrópicos que ocasionaram a morte dos animais encontrados mortos. Essas atividades incluem a análise da presença de poluentes e outras possíveis ameaças, como a atividade pesqueira ou a colisão com embarcações", explica. "O monitoramento contínuo permite identificar e mitigar rapidamente quaisquer problemas ambientais que possam surgir em caso de incidentes, como vazamentos ou derramamentos".
Primeiros resgates
Somente no primeiro mês da execução do PMP-BC/ES pelo Instituto Albatroz, foram recolhidos 48 animais entre aves marinhas e tartarugas (17 vivos e 31 mortos). Dentre eles, estão cinco pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), que foram resgatados nas areias das praias de Cabo Frio (dois deles na praia do Forte), Búzios e Arraial do Cabo, e então reabilitados. Nesta época do ano, os pinguins estão em migração, em busca de alimento e águas mais quentes, e muitas vezes vão parar nas areias das praias por conta de cansaço extremo ou doença.
O mesmo acontece com outras aves marinhas, prova disso é que entre os resgatados no primeiro mês está um um albatroz-de-sobrancelha-negra (Thalassarche melanophris), ave que é símbolo da instituição. As aves dessa espécie se reproduzem em ilhas subantárticas e nas Ilhas Malvinas e visitam águas brasileiras em maiores densidades no inverno. Durante essas visitas, podem ter interações negativas com frotas pesqueiras ou apresentarem algum problema de saúde, fazendo com que cheguem às praias. Depois de reabilitado no CRD, ele foi reintegrado à natureza, assim como os outros animais em recuperação.
No final de junho, duas aves - um atobá (Sula leucogaster) e uma gaivota (Larus dominicanus) - marcaram a primeira soltura com o Instituto Albatroz à frente do PMP-BC/ES nas três cidades da região.
Centro de Reabilitação e Despetrolização (Fase de Transição)
O CRD, localizado na cidade de Araruama (RJ), conta com uma equipe de 25 especialistas, entre médicos veterinários e tratadores, que avaliam e tratam os animais até estarem aptos para soltura, o que ocorre somente após a marcação com anilhas metálicas cedidas pelos Centros Nacionais de Conservação e Pesquisa (CEMAVE e TAMAR). Isso permite o acompanhamento caso o animal apareça novamente, mesmo em outra região, o que é uma ferramenta importante para pesquisas, principalmente no caso de espécies ameaçadas de extinção.
Em animais mortos é realizada necropsia para identificar a causa da morte e avaliar se houve interação com atividades humanas, como embarcações, petrechos de pesca ou ingestão de resíduos plásticos.
Objetivos técnicos do PMP
O PMP foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural, conduzido pela Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Marinhos e Costeiros (CGMAC) da Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O PMP atua em quatro núcleos nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (onde está inserida a Região dos Lagos), Sergipe-Alagoas e Potiguar. Eles abrangem o litoral de dez estados, somando três mil quilômetros de costa brasileira. A iniciativa surpreende pelo tamanho, e coloca o Brasil em destaque global e como referência no monitoramento da costa.
O projeto tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo e gás nas aves, tartarugas e mamíferos marinhos. A coleta desses dados fornece informações valiosas sobre essas espécies, contribuindo significativamente para a formulação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade marinha.
Em caso de avistamento de um animal marinho vivo ou morto nas praias da Região dos Lagos, acione a equipe do PMP pelo telefone 0800 991 4800.
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