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Entrevista: a educomunicação como ferramenta da conservação marinha

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Thaís Cândido Lopes é responsável pelo Coletivo Jovem Albatroz, bacharela em Ciências do Mar pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Graduanda em Engenharia Ambiental (UNIFESP) e Pós Graduanda em Educação Ambiental e a Transição para Sociedades Sustentáveis pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Tem experiência em facilitação de processos participativos para juventudes e comunidades tradicionais através da educação ambiental.

1. Qual é a origem da educomunicação?

A educomunicação é um ciência que une os elementos de educação e comunicação, usando as mídias da comunicação formal no espaço educador. A educomunicação surge do conceito de ‘educação popular’ de Paulo Freire, que usa elementos do cotidiano das pessoas na educação. Um exemplo era o que Paulo Freire fazia para alfabetizar comunidade carentes da região Nordeste. Ele buscava elementos da natureza e do dia a dia daquelas pessoas, como a ‘enxada’, por exemplo, e ensinava letras e sílabas usando esses objetos. E aí junto desse conceito de Paulo Freire, o Mário Kapun, que é comunicador, traz um ponto que todos os meios de comunicação daquela época transmitiam informações que as pessoas reproduziam sem nem pensar. Ele não concordava com isso e dizia que os meios podiam servir para outro propósito. Através dessa crítica, ele começou a distribuir gravadores de fita cassete para diferentes comunidades de agricultores de locais e pediu que explicassem o que cada uma delas faziam. Ao trocar as fitas entre eles, criou um canal de comunicação para que as pessoas entendessem o que tinham de diferente e semelhante, apesar das distâncias. Ou seja, começaram a  trocar informações através da comunicação. Kapun foi o primeiro educomunicador e, assim, surgiu a educomunicação.

2. Quais são os princípios essenciais da educomunicação?

Os princípios essenciais são usar essas ferramentas com propósito de educar por meio de um processo participativo, dialógico, que estimule o pensamento crítico e a criatividade. É trazer liberdade para os educandos, gerando autonomia de expressão para eles.

3. De que forma a educomunicação promove a aprendizagem de forma mais am-pla e democrática?

Por ela ter esse caráter dialógico e participativo, a educomunicação acaba sendo democrática, porque todos os indivíduos podem contribuir com suas experiências de vida. A partir do momento em que todos se comunicam, podemos produzir conteúdos educomunicativos cada vez mais relevantes para a sociedade.

4. Quando e de forma a Educomunicação começou a fazer parte do CJA?

Quando o Coletivo Jovem Albatroz surgiu, em 2015, eu fazia parte desse processo e a nossa proposta era participar de um curso de formação de lideranças jovens para políticas públicas para ambientes marinhos e costeiros. Nesse curso, nossa proposta era gerar um mapa falado que contaria a história da Baixada Santista, como é a região e os problemas ambientais que ela enfrentava. Nosso coordenador da época, Rodrigo Montaldi, é fotógrafo e trabalhava com ferramentas de educomunicativas como foto, produção de texto e vídeos. Quando conseguimos fazer o levantamento de todo o material para construir o mapa falado, decidimos que um vídeo seria a melhor alternativa para mostrar o nosso território. Esse foi o pontapé inicial para trabalhar com educomunicação. Depois, em 2017, realizamos o ‘Consuma São’ na praia e produzimos um vídeo que documentou toda a intervenção. Desde então, a gente busca sempre ter um vídeo, foto ou documento que retrate o que aconteceu e possa levar as informações para quem não estava presente no momento. No fim de 2018 e começo de 2019, com o processo de aprovação do Plano de Manejo das APAS Marinhas, os jovens entenderam a importância da ferramenta educomunicativa para as políticas públicas. Tendo isso em vista, depois de termos feito um curso sobre o tema e produzido alguns vídeos, o Coletivo Jovem Albatroz decidiu se aprofundar e criar mais um curso, desta vez voltado à produção audiovisual, assunto que estamos trabalhando nesse momento.

5. Como a educomunicação pode somar com o trabalho de educação ambiental?

A educação é o elo que une essas duas formas de educar. A educomunicação também se alinha com a educação ambiental porque um processo educomunicativo busca uma intervenção no meio socioambiental. Então faz com que o educando se coloque no meio que está inserido, buscando entender a realidade dele. Quando conseguimos usar essas ferramentas educomunicativas, alcançamos não só as pessoas que estavam presentes na ação, mas também aqueles que estão longe e se interessam por aquele tema. Ou seja, conseguimos expandir nossa capacidade de expressão.

6 . Como a educomunicação pode ser uma ferramenta poderosa para sensibilizar o público sobre a importância da conservação de áreas costeiras e marinhas?

As ferramentas de educomunicação como vídeo, foto, rádio, texto, revista e mídias sociais têm um alcance ainda maior no momento ‘virtual’ em que vivemos. Com elas, conseguimos unir pessoas que vivem distantes das regiões costeiras e marinhas, que têm contato com as nascente de rios e os problemas de poluição que acabam chegando até o oceano. Então, as ferramentas de educomunicação nos ajudam a chegar nessas pessoas que não têm contato com o mar diretamente, gerando impacto nas suas vidas. Elas levam mais do que informações, conseguem atingir as pessoas através da empatia, para que de certa forma elas se conectem com esse ambientes distantes e provoquem uma mudança de hábito.


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