Coletivo sensibiliza crianças sobre conservação ambiental no Dique da Vila Gilda
Aproximadamente 150 crianças, moradoras de uma das áreas urbanas mais carentes de Santos (SP), o Dique da Vila Gilda, participaram, na última sexta-feira (6), de uma atividade de educação ambiental sobre o lixo produzido e encontrado na região onde vivem. Batizada de “Mapa Falado”, ela foi realizada no Instituto Arte no Dique, em Santos, cidade onde está localizada a base administrativa do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental.
A ação foi planejada e coordenada pelo Coletivo Jovem Albatroz a convite do Instituto, localizado na Zona Noroeste de Santos. O objetivo era realizar uma atividade educativa que provocasse nas crianças reflexões sobre os resíduos encontrados na região, considerada a maior favela sobre palafitas do Brasil, com cerca de 10 mil habitantes. O bairro é, inclusive, um dos que mais sofrem com enchentes, provocadas pela insuficiência das galerias pluviais e aumento repentino das marés - problemas agravados pelo acúmulo de lixo no sistema de drenagem.
A troca de parcerias, informações e atividades de fora da Zona Noroeste, segundo o produtor cultural do Instituto Arte no Dique, Felipe Seguro, ampliam a visão de mundo das crianças, que poucas vezes visitam outras áreas da cidade. Neste sentido, o Projeto contribuiu com informações valiosas sobre interligação entre as áreas de mar, rio e mangue e como as ações sobre cada uma delas trazem impactos para o meio ambiente.
“Se as pessoas poluem aqui (na Zona Noroeste), elas acabam poluindo as praias e os mangues também. Santos é uma ilha. As pessoas poluem por falta de informação e, por isso, acho importante o Projeto sensibilizar as crianças junto com a gente”, finaliza.
Construção de ‘Mapas Falados’
A intenção da atividade proposta pelo Coletivo Jovem Albatroz, segundo seu responsável, Rafael Monteiro, era fazer um diagnóstico participativo sobre a presença do lixo no dia a dia e construir um “Mapa Falado” a partir do relato das crianças sobre os locais onde vivem.
Na dinâmica, elas apontavam áreas com maior descarte de lixo nas ruas, nos mangues e rios; onde existiam pontos de coleta; quais tipos de lixo eram encontrados nesses locais; entre outros temas e, junto com os integrantes do coletivo, traçavam um mapa com os pontos mais importantes para apresentar aos colegas.
“Elas souberam identificar os pontos críticos e construir o mapa. Esse foi apenas um primeiro passo para começar a trabalhar esse assunto com as crianças”.
Também foi trazida à tona uma reflexão sobre consumismo, para que as crianças, entre sete e 13 anos, associassem o consumo desenfreado ao aumento da produção de lixo em nível global.
Desenvolvimento e cidadania
O Instituto Arte no Dique trabalha há 15 anos oferecendo oportunidades de transformação e desenvolvimento social aos moradores da Zona Noroeste. Sua sede, localizada no bairro do Rádio Clube, possui estrutura para oficinas de música, dança, capoeira, teatro, informática, além de reuniões e palestras para os jovens da região.
Para o produtor cultural do instituto, é importante que as crianças tenham contato com instituições como o Projeto Albatroz, que trabalham pela conservação ambiental dentro e fora da Zona Noroeste.
“Eu vejo isso como um fortalecimento da cidadania, porque as crianças precisam deste acesso e deste contato com pessoas que tragam novidades, conhecimento, que proponham novas atividades e que as fortaleçam como cidadãs”, explica Felipe Seguro. “Nossa ideia é contribuir para o desenvolvimento das crianças para que elas propaguem em casa, com a família, o que aprendem aqui”.
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