Sobre o
Projeto Albatroz

Encontro aconteceu durante parada na cidade em outubro e abordou a relação da Voz dos Oceanos com a proteção da biodiversidade

O Vitória Régia, um vistoso veleiro de 18 metros de comprimento feito à mão, teve cada detalhe planejado especialmente para acolher a Família Schurmann e a equipe do Voz dos Oceanos por mais uma expedição, desta vez, pelas paisagens do litoral brasileiro, de Florianópolis (SC) até o Rio de Janeiro (RJ), passando por cidades importantes para a cultura oceânica. Uma delas foi Santos (SP), berço do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, que foi convidado para uma manhã a bordo do veleiro para conhecer a iniciativa de perto, trocar experiências e informações sobre um assunto que não poderia ser mais importante às vésperas do encontro do G20, em novembro: a conservação da biodiversidade marinha.

É certo que o oceano é pauta obrigatória entre as duas instituições, e faz parte das expedições do Voz dos Oceanos conhecer e divulgar outras iniciativas que, assim como eles, fazem a diferença para a conservação deste ecossistema. Porém, dada a proximidade da Família Schurmann com os albatrozes, este foi o principal tema do encontro, realizado em meados de outubro. 

No deck do veleiro, as equipes se sentaram juntas para ouvir um pouco mais sobre a história do Voz dos Oceanos e sua “Rota Brasil” e trocar experiências sobre a conservação marinha, além de conhecerem a história do Projeto Albatroz, que nasceu a poucos metros da marina onde estava atracado o Vitória Régia. Tatiana Neves, fundadora e coordenadora do Projeto Albatroz, fez uma apresentação especial sobre as espécies de aves oceânicas conservadas pelo projeto, que fazem parte de um dos grupos mais ameaçados do planeta.

Entre curiosidades sobre sua biologia, comportamento, migração e alimentação, os integrantes do Voz dos Oceanos ficaram surpresos em conhecer o grande rol de ameaças que colocam em risco a vida dos albatrozes e como sua estratégia reprodutiva torna a conservação ainda mais importante. A captura incidental pela pesca, a chegada de espécies exóticas nas ilhas, a ingestão de microplástico e as mudanças climáticas dificultam que essas aves, que colocam somente um ovo a cada um ou dois anos, prosperem em um ecossistema cada vez mais desequilibrado.

Durante as conversas sobre navegação e observação de albatrozes em ninhais no Atlântico Sul, também foi abordada a paixão e a curiosidade da Família Schurmann pelos albatrozes. Heloísa Schurmann, que é autora de uma série de livros sobre as navegações da família, descreveu, emocionada, um dia que um albatroz pousou sobre o veleiro no dia do seu aniversário. Ela aproveitou a oportunidade para ler alguns trechos de suas obras que abordavam os encontros mágicos que teve com os albatrozes no passado.

Para encerrar a visita, os membros do Projeto Albatroz foram convidados a deixar mensagens sobre a conservação marinha em um mural colaborativo criado pelo Voz dos Oceanos, chamado de “Ecoando Vozes”, que será exposto e entregue às autoridades durante o encontro do G20, no Rio de Janeiro. 

Para Heloísa Schurmann, o encontro com o Projeto foi emocionante: “o albatroz é minha ave favorita há muitos anos e eu tenho escrito sobre ele em todos os meus livros. Foi incrível conhecer mais sobre o Projeto Albatroz para entender o que vocês estão fazendo, trabalhando e pesquisando pela conservação do oceano e para defender esta ave magnífica".

Desde 2008, segundo Vilfredo Schurmann, há um "namoro” entre a Voz dos Oceanos e o Projeto Albatroz, que se tornou realidade nesta visita. "Ficamos felizes em ver esse encontro se concretizando mesmo depois de tanto tempo", explicou. “Estamos no mar há mais de 40 anos e quando estamos no Atlântico Sul vemos essa ave maravilhosa, que nos acompanha em nossas viagens. É muito importante falar sobre a conservação dos albatrozes, eles estão pedindo socorro, pois o oceano está sendo destruído".

Segundo Tatiana Neves, é inspirador poder trocar experiências sobre o oceano e sobre as aves marinhas com a Família Schurmann. “Sempre tive o Vilfredo e a Heloísa como grandes exemplos de resiliência e trabalho no mar”, explica. “Porque velejar no oceano não é nada fácil para nós, seres humanos, mas algo muito simples para os albatrozes. Então acompanhar a trajetória deles pelo universo oceânico é algo realmente inspirador. Juntos, vamos mais longe pela conservação”.

Sobre a Voz dos Oceanos

Liderada pela Família Schurmann, que navega pelos mares há 40 anos e já fez três voltas ao mundo, Voz dos Oceanos atua por mar e terra com a missão de conscientizar a sociedade sobre a invasão e poluição dos resíduos – incluindo plástico e microplásticos – no oceano, mobilizando pessoas, empresas e governos para a mudança de hábitos. A iniciativa, que inclui uma expedição com o apoio mundial do Programa da ONU para o Meio Ambiente – PNUMA, também busca e revela soluções capazes de reverter esse cenário. Depois de navegar por quase toda a costa brasileira, região do Caribe, grande parte do litoral leste dos Estados Unidos, México, Canal do Panamá e Polinésia Francesa, a tripulação do veleiro sustentável Kat acaba de concluir a primeira etapa da expedição na Nova Zelândia. 

Em pouco mais de dois anos, Voz dos Oceanos testemunhou a presença de plástico e microplástico em cerca de 100 destinos de mais de 10 países das Américas Sul, Central e Norte e da Oceania. Paralelamente, vem navegando também por águas de esperança, encontrando em todos os locais por onde passa, centenas de pessoas e iniciativas comprometidas em reverter a preocupante e grave invasão de resíduos, que sufocam os Oceanos, responsáveis por mais de 50% do oxigênio do planeta.