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Mar de albatrozes: cerca de 300 aves são avistadas em frente ao Rio de Janeiro

Expedição estava a 45km da costa e ainda flagrou baleias jubarte em rumo ao nordeste. Número de aves encontradas é atípico, mesmo no inverno, quando sobrevoam o litoral do estado

Em um sábado de junho com vento gelado, sol e céu azul, um grupo de birdwatchers liderados pelo biólogo e mestre em Biodiversidade e Sociedade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Igor Camacho, teve uma bela surpresa. A cerca de 45 km da costa, próximo à praia de Itacoatiara, em Niterói, puderam observar, entre outros animais, pardelas e diversas aglomerações de albatrozes-de-nariz-amarelo, espécie ameaçada de extinção protegida pelo Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras.

As aves sobrevoavam um barco de pesca de arrasto em busca de alimento, entre os peixes descartados pela embarcação. De acordo com o guia da expedição, foram contados cerca de 300 albatrozes-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), 40 pardelas-de-sobre-branco (Ardenna gravis) e dois petréis-pequenos (Puffinus puffinus).

Segundo Camacho, o número de aves observadas na expedição é atípico para esta região, fato que surpreendeu os birdwatchers e fez com que registrassem em fotos o ‘mar de albatrozes’ com o Pão de Açúcar ao fundo.

“Nas expedições, sempre avistamos três ou quatro albatrozes, mas nunca havíamos encontrado um arrasto como aquele nesta época”, conta. “Inclusive, o biólogo que pilotava nossa embarcação nunca havia visto um bando tão grande como esse, mesmo indo para o mar há quase 30 anos para fazer pesca oceânica”.

Conforme o coordenador científico do Projeto Albatroz, Dr Dimas Gianuca, apesar do número incomum de aves encontradas, essas espécies são frequentemente avistadas nesta época do ano, quando vêm ao litoral brasileiro para buscar alimento. “A pardela-de-sobre-branco e o albatroz-de-nariz-amarelo se reproduzem nas ilhas de Tristão da Cunha e Gough. Por conta disso, são observadas no sudeste brasileiro com mais frequência do que outras espécies que nidificam em regiões subantárticas. Por isso, são avistadas com mais frequência no litoral do Rio de Janeiro”, explica.

No caso dos petréis-pequenos, completa, é comum encontrá-los pela região porque estão migrando de volta às colônias de reprodução da espécie, em ilhas próximas à Inglaterra e Escócia.

Expedição memorável

Além dos albatrozes e pardelas avistadas pelo grupo durante a ‘Saída Pelágica’, também chamou atenção o encontro com três baleias jubarte no litoral fluminense. Após se alimentarem na região Antártica, elas rumam para o Arquipélago de Abrolhos, na Bahia, onde se reproduzem durante o inverno brasileiro. Além disso, os birdwatchers também avistaram atobás, fragatas, tubarões e cardumes de dourados.

Segundo Camacho, até mesmo àquela distância da costa era possível avistar manchas de poluição e lixos plásticos, que colocam em risco a sobrevivência não somente das aves, mas de toda a biodiversidade observada ali. “A pesca predatória com espinhel, super exploração dos recursos pesqueiros e a poluição dos oceanos fazem momentos como este mais raros de se contemplar”, finaliza.

Projeto Albatroz no Rio de Janeiro

Desde 2014, o Projeto Albatroz mantém uma base avançada de pesquisa na Universidade Veiga de Almeida (UVA), no campus de Cabo Frio (RJ). Por meio da parceria com o Grupo de Estudos da Pesca (GEPESCA), conseguimos ampliar nossos estudos para o Porto de Cabo Frio, rota de diversas embarcações de pesca de espinhel com a qual albatrozes e petréis interagem e pela qual são capturados. Também desenvolvemos ações de educação ambiental com os pescadores e público em geral da região.

Para estreitar ainda mais os laços com o estado, o Projeto Albatroz mantém uma parceria com a Prefeitura de Cabo Frio para construir, nos próximos anos, o Centro de Visitação Pública e Educação Ambiental Marinha do Projeto Albatroz, em uma área cedida pelo poder público no Parque Municipal Dormitório das Garças, às margens da Lagoa de Araruama.

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