Projeto Abaltroz experimentos para reduzir captura | Projeto Albatroz
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Em Itajaí (SC), Projeto Albatroz realiza experimentos para reduzir  a captura incidental de aves em pescarias de pequeno porte

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Em parceria com o IFSC, técnicos testam a eficácia de estratégias como o uso do toriline e o regime de peso para barcos de espinhel de fundo

Itajaí (SC), cidade do maior porto pesqueiro do país, foi escolhida pelo Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, como o lugar ideal para uma série de experimentos feitos  durante a última semana em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e também através do financiamento do Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP). O objetivo das saídas, feitas a bordo do barco-escola do IFSC, foi testar a eficácia de medidas mitigadoras, ou seja, que minimizam a captura de aves marinhas, como albatrozes e petréis, em pescarias de linha e anzol.

Os experimentos usaram tecnologias simples, porém eficazes, para proteger as aves marinhas. O toriline, que une as palavras tori (pássaro em japonês) e line (linha em inglês), foi adaptado ao sistema brasileiro de espinhel pelágico pelo pescador Zé Ventura, e funciona como um espantalho. As fitas coloridas, que compõem o toriline, balançam como vento e afugentam as aves, afastando-as da área crítica em que o material afunda até uma profundidade segura, e evitando que sejam fisgadas. O regime de peso, por sua vez, se trata do posicionamento de pesos no material de pesca, fazendo com que os anzóis afundem rapidamente, e reduzindo o tempo de exposição do material e suas iscas.

O toriline e o regime de peso são as duas principais medidas mitigadoras aprimoradas pelo Projeto Albatroz, e foram testados em diversas configurações durante mais de 30 anos de trabalho de conservação marinha em parceria com os pescadores. Em 2014, essas medidas, associadas à largada noturna do material de pesca, foram transformadas na Instrução Normativa Interministerial (INI) Nº 7, que estabelece o uso obrigatório dessas três medidas, ao mesmo tempo, por embarcações pesqueiras que atuam ao sul de 20°S na modalidade de espinhel horizontal de superfície, que capturam principalmente atuns e espadartes.

Como parte do esforço para ampliar o uso de medidas mitigadoras e, consequentemente, proteger mais populações de albatrozes e petréis, os pesquisadores do Projeto Albatroz testaram formas adaptadas à embarcações de menor porte, de maneira que possam ser adotadas em pescarias de pequena escala. O uso dessas medidas não beneficia apenas as aves marinhas, mas também o pescador, que reduz o potencial de perda de iscas atacadas pelas aves, o que culmina em menos anzóis disponíveis para a captura dos peixes.

“Embarcações como as da frota de Cabo Frio, por exemplo, não comportam usar um toriline de 130 metros, como os usados por barcos de grande porte, por isso testamos torilines reduzidos para tentar adaptar a metodologia”, explicou Juliana Vallim Gaiotto, coordenadora técnica do Projeto Albatroz. “Fizemos o mesmo com diferentes regimes de peso para verificar qual configuração é mais eficaz no aumento das taxas de afundamento, sem prejuízo para a atividade pesqueira”.

O Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Projeto Albatroz, Gabriel Canani, afirmou que muitos dos testes feitos na última semana foram fruto de uma troca constante com pescadores de diversas regiões do sul e sudeste do Brasil. “As estratégias de pesca variam muito entre mestres e também entre localidades. Visando entender melhor essa dinâmica e compilar essa diversidade, fizemos uma caracterização dos métodos utilizados pelos mestres em Cabo Frio (RJ), Itajaí (SC) e Rio Grande (RS). Agora, estamos testando essas configurações, usadas nas pescarias comerciais, e registrando suas características com dispositivos que medem as taxas de afundamento do material. Os pescadores são nossos grandes parceiros nesse processo científico, e é fundamental que o desenvolvimento de medidas leve em consideração a maneira com que pescam, de forma que não atrapalhe a dinâmica e o rendimento das pescarias”, pontuou. “Para serem cada vez mais utilizadas, é preciso que elas sejam simples, baratas e fáceis de usar”. 

Segundo o professor Benjamim Teixeira, coordenador do Centro de Referência em Pesca e Navegação (Cnpmar) do Câmpus Itajaí do IFSC, a parceria da instituição com o Projeto Albatroz busca promover pesquisas que gerem dados consistentes e confiáveis que possam se transformar em políticas públicas a favor dos pescadores. “Nós acreditamos que para que a pesca tenha continuidade ao longo das gerações, ela tem que ser realizada de forma sustentável e o IFSC é um parceiro da pesca e dos pescadores”, explicou. “O pescador não quer de forma alguma pegar uma ave marinha, ele quer capturar um peixe, que é o que tem valor de mercado. Quando a gente propõe estas medidas mitigatórias, elas servem para evitar a captura das aves e evitando a captura das aves, o anzol vai ficar com a isca, o que vai fazer com que ele tenha uma chance real de capturar peixes como atum, meca e algumas espécies de cação.”

Esses experimentos terão continuidade ao longo dos próximos anos, a fim de obter resultados robustos e consistentes que apoiem a proposta de medidas mitigadoras adaptadas à realidade de pescaria de menor escala. O objetivo desse estudo é diminuir significativamente a captura incidental de albatrozes e petréis em todas as artes de pesca que interagem com aves marinhas. Assim, o Projeto Albatroz contribui para a conservação dessas espécies, muitas delas ameaçadas de extinção, e também com a eficiência das pescarias de linha e anzol no Brasil. 
 

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