Dia Mundial do Albatroz chama atenção para a crise de conservação das aves
Marcado para 19 de junho, a data ressalta o esforço global de cientistas e instituições para aproximar espécie do público e sensibilizar sobre sua continuidade
Entre 30 e 40 mil albatrozes morrem todos os anos ao redor do mundo vitimados pela poluição dos oceanos, mudanças climáticas, interação com diversas modalidades de pesca industrial, entre outras ameaças. Para chamar atenção sobre o tema, alertando o público sobre a crise de conservação pela qual passam esses animais e também sensibilizar sobre sua importância para a biodiversidade, o Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), do qual o Brasil é signatário desde 2006, decidiu comemorar, neste ano, o primeiro Dia Mundial do Albatroz em 19 de junho.
A decisão se deu durante a reunião internacional realizada na cidade de Florianópolis (SC) em maio do ano passado, com a participação do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras. Na ocasião, uma comissão estudou a criação de uma data dedicada às aves oceânicas protegidas pelo ACAP e o 19 de junho foi aprovado por marcar o aniversário da criação do acordo, assinado em 2001, na Austrália.
“Ao chegarmos a essa decisão, observamos que essa data não se sobrepunha a outros dias de animais reconhecidos internacionalmente”, afirma o responsável pela comunicação do ACAP, Dr. John Cooper. “Entre as aves marinhas, por exemplo, parece haver apenas o Dia Mundial do Pinguim, comemorado em 25 de abril, então conquistamos um espaço especial para as aves Procellariiformes (albatrozes e petréis) - que são igualmente ameaçadas como um grupo”.
Principais ameaças
A coordenadora-geral e fundadora do Projeto Albatroz, Tatiana Neves, afirma que é importante que as pessoas conheçam mais sobre essas aves majestosas e de abrangência global. Afinal, espécies como o albatroz-viageiro (Diomedea exulans), são capazes de voar quase 1000 km por dia em busca de alimento e retornam às ilhas somente para reprodução, cruzando desde regiões subantárticas até mares tropicais.
“Conhecendo as características do albatroz-viageiro, sabemos que é necessário um esforço global para proteção desta e de outras espécies, tendo em vista os objetivos de conservação das aves”, explica. Para isso, o Projeto Albatroz realiza pesquisas que contribuem para bases de dados internacionais e trabalha pela construção de políticas públicas sobre o tema.
Além dos perigos da interação com várias modalidades de pesca, albatrozes e petréis também são ameaçados pela poluição dos oceanos com plásticos e outros resíduos, mudanças climáticas, redução de disponibilidade de alimento, intervenção humana nos locais de reprodução e invasão de roedores nas ilhas onde cuidam de seus filhotes.
O ano do primeiro Dia Mundial do Albatroz coincide com o aniversário de 30 anos do Projeto Albatroz - que ocorre em 17 de julho. Dessa forma, além carregar o banner da campanha nos eventos oficiais e nas atividades em alto-mar, a instituição também pretende levar a importância da ação para suas palestras, workshops e conferências.
A programação para a data internacional será divulgada posteriormente nos canais oficiais do ACAP e do Projeto Albatroz.
Sobre o ACAP
O Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP) reúne 13 países cujos mares territoriais são utilizados por albatrozes e petréis para a alimentação, migração ou reprodução, principalmente na porção meridional do planeta. Atualmente, também são signatários do acordo: Argentina, Austrália, África do Sul, Chile, Espanha, Equador, França, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Reino Unido e Uruguai.
O ACAP tem o intuito de coordenar os esforços dos países envolvidos e estabelecer metas para a conservação destas aves. Em 2008, o Governo Federal ratificou a adesão do Brasil ao acordo. A entrada do país no ACAP é estratégica devido à alta incidência de capturas em nosso mar territorial. Estima-se que até 4 mil albatrozes e petréis morram incidentalmente todos os anos fisgadas pelos anzóis das pescarias de espinhel no Brasil.
O Acordo estabelece diretrizes multilaterais para proteger estas aves ao redor do mundo. Em linhas gerais, ele propõe a troca de dados e resultados de pesquisas sobre a ocorrência de albatrozes e petréis nos países participantes, a criação de planos de ajuda mútua entre as nações, além de recomendar práticas e usos de medidas que visem diminuir a captura incidental de aves marinhas.
Saiba mais sobre o ACAP no site: https://acap.aq/
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